DN– Organizações não-governamentais (ONG) acusaram hoje o Irão de estar a destruir valas comuns para esconder provas de assassínios perpetuados em 1988, durante a guerra com o Iraque.
Num relatório conjunto, a ONG Justice for Iran (Justiça para o Irão), com sede em Londres, e a Amnistia Internacional, chamaram a atenção para “as execuções em massa realizadas há quase 30 anos durante a guerra sangrenta entre o Irão e o Iraque (1980-1988)”.
A missão da ONU no Irão recusou-se a comentar o relatório.
A organização londrina disse ter identificado mais de 120 locais no país que acredita terem sido usados como valas comuns na época.
Existem agora “testemunhos confiáveis, provas fotográficas e vídeos e imagens de satélite” que provam que sete valas comuns foram “demolidas, cobertas de lixo ou reconstruídas”, uma estratégia para “esconder as provas dos homicídios”, denunciaram as organizações.
De acordo com o relatório, as valas comuns “escondem os corpos” das execuções ocorridas em 1988, no final do conflito militar entre os dois países, que teve início em 1980 quando as forças armadas iraquianas invadiram a zona ocidental do Irão.
Um conflito que provocou a morte de “um milhão de pessoas” e ainda “não se tornou parte da história”, disse à agência noticiosa Associated Press a diretora executiva da organização de Londres, a iraniana Shadi Sadr.
“Enquanto os responsáveis pelos crimes ainda estiverem no poder (…) não pertence ao passado”, frisou.
Várias ONG internacionais estimaram que cerca de 5.000 pessoas tenham sido executadas pelo Irão perto do fim da guerra com o Iraque. Entre os mortos contam-se comunistas, separatistas curdos e membros do grupo de oposição iraniano Mujahedeen-e-Khalq.
O Irão nunca reconheceu plenamente as execuções.